Antes de embarcar em sua série Balancing Acts, a fotógrafa Lucy Gray tinha pouco respeito pelo balé como carreira. “Minha percepção de bailarinas, como uma feminista, era que elas passavam fome pelos seus empregos, que elas faziam o que faziam por um homem que as dizia o que fazer, que elas não queriam crescer,” ela diz. “Mas como uma fotógrafa, seu trabalho é caçar seus preconceitos e se livrar deles.”

Lucy, que escrevia para a revista Elle, sempre admirou mães trabalhadoras — sua própria mãe trabalhava enquanto a criou com seus quatro irmãos. Ela estava procurando por uma oportunidade de fotografar uma série sobre estas lutas e triunfos quando, em 2000, ela estava no mercado com seu filho de 3 anos e conheceu uma mulher notável com seu filho recém-nascido. “Nós conhecemos essa mulher extraordinariamente linda que estava carregando seu filho,” ela se lembra. “Ela parecia meio fantasmagórica, porque ela era tão pálida e tão magra, mas ela era muito bonita.”

Quando Lucy descobriu que esta mulher era Katita Waldo, a bailarina principal do prestigiado San Francisco Ballet, ela sabia na hora que queria fotografá-la. Katita a apresentou para outras duas bailarinas que tinham acabado de se tornar mães, Tina LeBlanc e Kristin Long, e ela começou a fotografar suas carreiras e suas vidas pessoais para o que se tornou a série Balancing Acts. Mal sabia ela que este seria um projeto que acabaria durando 15 anos.

A percepção negativa de Lucy sobre bailarinas começou a ruir quando ela se deparou com os altos riscos da decisão delas de ter filhos. Uma vez que a maioria das bailarinas escolhem suas carreiras na dança aos 11 anos e começam a dançar profissionalmente pouco depois, elas tem pouca oportunidade de desenvolver outras habilidades de carreira. Com as demandas físicas da dança e do parto, bailarinas profissionais que decidem ter filhos estão tomando um grande risco se seus corpos não se recuperarem rapidamente após o nascimento — seu sustento está em jogo. O risco, juntamente com a natureza exigente e estressante da dança profissional, quer dizer que é muito raro e corajoso para bailarinas terem filhos.

As três bailarinas em Balancing Acts estavam no topo de seus campos quando escolheram engravidar, e a maternidade não foi fácil. Uma delas sofreu de muito medo de palco, outra teve o casamento desfeito. Cada uma delas encarou o stress comum da maternidade, mas também a pressão constante de se provar no mundo altamente competitivo da dança. As conquistas do passado não eram nenhuma garantia de ser escalada para os próximos espetáculos, então longas horas de treino e tentar prender a atenção do diretor artístico do balé eram constantes de suas vidas. Ainda assim, ao invés de vacilarem, elas foram bem sucedidas. “Depois de terem filhos, elas todas se tornaram dançarinas melhores, o que foi uma grande surpresa para mim,” ela diz.

A cadeira da frente quee Lucy tinha para todos os desafios, alegrias e triunfos das três mães transformou sua visão de bailarinas e de balé. “Eu realmente as admiro. Eu realmente acredito no que elas fizeram,” ela diz. “Elas me ensinaram tanto sobre balé. Eu agora acho que é uma carreira; eu nunca imaginaria isso!”

Lucy compilou suas histórias e suas fotos em seu primeiro livro, Balancing Acts: Three Prima Ballerinas Becoming Mothers (Balanceando Atos: Três Bailarinas Principais Se Tornando Mães), publicado em 2015 pela Princeton Architectural Press. “Eu queria fazer um tributo apropriado a elas,” ela diz. “Era o presente que eu podia dar a elas, que elas mereciam.”

Tendo mudado seus próprios preconceitos no processo de criação de Balancing Acts, Lucy espera que os leitores “levem deste livro que ser uma mãe que trabalha, ter um emprego, pode te tornar uma mãe melhor; e ser uma mãe pode te tornar melhor no seu emprego.”

“Mas,” ela adiciona, “Mas eu também espero que as pessoas aproveitem o prazer e a alegria na experiência destas mulheres.”

Fotos de Balancing Acts: Three Prima Ballerinas Becoming Mothers por Lucy Gray, publicado por Princeton Architectural Press, 2015.

Visite a conta da Lucy para ver mais do trabalho dela.

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