Hoje falamos com Gustavo Minas, um fotógrafo urbano que morou em São Paulo nos últimos sete anos e acaba de se mudar para Brasília, cujo trabalho já tem nos chamado atenção há algum tempo. Gustavo conta histórias fascinantes de pessoas e suas vidas por suas fotos e foca em cenas não convencionais que nos deixa querendo mais.
Fale um pouco sobre você.
Sou um cara de 32 anos morando em Brasília, Brasil. Trabalho como jornalista, então sou apenas um fotógrafo amador – de vez em quando ganho dinheiro com fotografia, mas não é algo fixo. Eu faço basicamente fotografia urbana, mas não só por causa da fotografia em si.
Eu gosto de ter uma desculpa para andar pelas ruas da cidade e ver uma série de coisas que não veria se não estivesse lá para fotografar. Acho que eu fotografo pra tornar minha vida de trabalhador um pouco menos chata. E eu também sou membro de dois coletivos, o Street-Photographers.com e SelvaSP, e é uma honra aprender com tantos grandes fotógrafos.
O que te fez começar a tirar fotos, e há quanto tempo você fotografa?
Eu já tinha um pouco de interesse em fotografia desde o colegial, quando era um dos fotógrafos dos churrascos e festas da escola. Depois eu estudei fotojornalismo como parte do meu curso de jornalismo, isso foi por volta de 2001. Mas foi só em 2007, quando eu comecei a praticar mais, que eu comprei a minha primeira DSLR. Fiquei muito empolgado com as possibilidades do digital, e tentei de tudo: macros, longa exposição, retratos… como todos os iniciantes, eu acho. Daí, em 2009, participei de um curso de linguagem fotográfica e história com Carlos Moreira, um fotógrafo brasileiro que fotografa em São Paulo desde os anos 60, e foi daí que eu percebi o que eu estava procurando na fotografia.
O que mais te fascina em fotografia? Como você descreveria seu estilo?
Muitas coisas. A história do meio, conhecer outros lugares e a visão de outros fotógrafos, as mentiras que a fotografia conta, os jogos visuais e como eles transformam a realidade… a lista é longa. Mas como um fotógrafo urbano, o que me fascina mais é estar nas ruas, explorando a cidade, indo a lugares que eu nunca iria se não fosse para fotografar. Fotografia pode ser uma desculpa pra tudo.
Também notamos que muitas das suas fotos tem um tema social e até de documentário com as pessoas e com os lugares que você fotografa. Você acha que seus estudos de fotojornalismo influenciaram a maneira como você vê as coisas ao seu redor?
Sim, com certeza. Estudar jornalismo me deixou uma pessoa mais crítica, e isso se reflete de algumas maneiras na minha fotografia. Mas desde o começo, fotografia documental não é o meu principal objetivo na fotografia. Começou como um hobby, um passatempo, uma forma de meditação, e ainda é, apesar de que de vez em quando eu tentar contar histórias com as minhas fotos nos meus projetos pessoais. No meu projeto “Além da Arena” (www.gustavominas.com/alem-da-arena), por exemplo, que foca no bairro que recebeu a partida de abertura da Copa Mundial da FIFA no Brasil, eu estava interessado no contexto social que o bairro estava passando e curioso por conhecer um bairro na minha própria cidade que eu não conhecia antes. Mas o processo foi mais ou menos o mesmo das minhas fotografias pessoais: vagar pelas ruas e reagir a tudo que me chamasse a atenção.
Qual é o seu equipamento? E você usa algum equipamento especial ou usa técnicas especiais?
Bom, a que eu uso mais é a Nikon D600 (que, por sinal, eu não recomendo, porque ela tem problemas com o sensor de sujeira, como já foi reportado por outros) com uma 35mm e uma 40mm. De vez em quando eu experimento algumas câmeras de filme, quando estou viajando, por exemplo. Eu não uso nenhuma configuração específica. Eu fotografo em RAW e depois faço a pós-produção.
E como é seu processo de pós-produção?
Nada de especial. Estou processando todas as minhas fotos no Lightroom agora. Tenho vários presets que eu achei online, e fiz alguns ajustes em alguns deles. Eu os aplico na importação, e assim eu gasto menos tempo no pós-produção do que quando usava Photoshop – o que é bom, já que me deixa com mais tempo pra fotografar e relaxar.
Você usa algum equipamento fora do normal, como algum truquezinho DIY?
Não, só uma DSLR normal.
O que você mais gosta no Flickr? Quando você conheceu o site e porque ele abriga suas fotos?
Para mim, é seguir outros fotógrafos e aprender com eles. Tem uns caras ótimos por aí. Eu ouvi falar do Flickr em 2007, de um amigo, eu acho. A possibilidade de ter um backup das minhas fotos, um tipo de biblioteca externa, e a interação e contato com outros fotográfos foi o que me atraiu mais desde o começo. E tem um feedback dos meus contatos me ajudou muito a desenvolver meu trabalho.
Que outro membro do Flickr ou grupo te influencia?
São muitos membros que eu realmente admiro. Poderia mencionar dúzias deles, mas vou indicar alguns que eu sigo a mais tempo: Mariano Brizzola, Ed Peters, Don Hudson, Fagu e Hudson Rodrigues, para mencionar só alguns que têm contas muito inspiradoras.
O SelvaSP, o coletivo de São Paulo de fotografia urbana do qual faço parte, também tem uma conta legal, apesar de não ser atualizado há algum tempo.
Eu sou um dos moderadores do grupo www.street-photographers.com group, um grupo só para convidados, e eu conheci muitos fotógrafos talentosos pelos envios. Phenomenology, Street Fight, Don’t Be a Lemming também têm fotos legais.
Qual é a sua foto favorita na sua conta e por quê?
Essa é uma pergunta difícil, mas provavelmente essa:
Eu gosto da complexidade e múltiplas camadas dela, das luzes e cores, e a história irônica que ela sugere. Foi tirada há 4 anos e ainda é uma das minhas favoritas.
E quais são suas 3 fotos favoritas de outros usuários e por quê?
Essa pergunta é ainda mais difícil de responder, mas eu realmente gosto muito dessas. É difícil dizer o porquê, mas são todas fotos que me fizeram questionar e sugerem situações ambíguas.
O que mais você curte além de fotografia?
Andar por aí e ir a lugares novos, para fotografá-los. :) Música, cinema…
Se tem um segredo que você gostaria de compartilhar com o Flickrverse, qual seria?
Hmmm.. não leve sua fotografia a sério. Se importe mais com o que acontece quando você tenta tirar boas fotos do que com as fotos em si.
– Em 5 anos, eu…
… ainda estarei fotografando. Espero que melhor e curtindo da mesma maneira que agora.
Gustavo, obrigado pela entrevista!
Para ver mais do trabalho do Gustavo, você pode visitar o Instagram (@gustavominas), os dois tumblrs e o site pessoal dele. e, é claro, dê uma olhada na conta do Flickr dele e siga-o se quer ficar de olho nas novas fotos.